Alguns poucos confrades que conhecemos não acham os livros espíritas caros. Dizem que por trás dos livros há um trabalho de elaboração que é feito pela espiritualidade e pelo médium quando da criação da obra, que, em seguida, tem de chegar ao leitor (que pode pagar, obviamente!). Esses partidários dos preços altos para livros espíritas tentam explicar que o livro surge através de gráficas, que têm necessidades urgentes como faturamentos para pagamentos de funcionários, material, manutenção e ampliação do parque gráfico; das livrarias que, como as gráficas, têm as suas necessidades semelhantes; dos centros espíritas que nem sempre se mantêm com as doações de seus associados e outras justificativas (impostas pelo sistema materialista).
Logicamente, dos arrazoados sobre o lucro não podemos discordar, mas qual lucro se visa atualmente? Há pessoas astutas e oportunistas ganhando muito dinheiro vendendo “espiritismo” de todas as formas possíveis e imagináveis (sobretudo pela internet). Claro, alguns com interesse meramente pessoal.
Vender livros espíritas a preços inacessíveis aos leitores pobres é uma violência moral contra o povo. Em época de Internet, e-book, iPad etc. etc. etc. Todavia, continua-se explorando os espírita s carentes, desempregados e a população pobre. Há aqueles que estão sedentos para PROIBIR a possibilidade de se baixar livros pela Internet. Algumas lideranças só pensam em lucro, em cifrões, em engendrar formas para tirar algum dinheiro dos espíritas. Até quando tais lideranças espíritas não terão a coragem de oferecer, sem maiores entraves materiais e financeiros, as verdades do Cristo aos corações aflitos e sedentos de conhecimento?
Nossa
pugna pela Internet propõe possibilitar que as pessoas tenham acesso aos livros
espíritas através da intensa divulgação que promovemos atualmente pelas vias
virtuais, sem peso na consciência... Divulguemos a ideia da leitura pela rede
mundial de computadores. Simples, fácil e custo zero. Basta apenas um
computador em casa, uma lan house ou outros locais democratizados onde a
mensagem e os livros possam chegar a qualquer pessoa, a qualquer hora. É
lamentável que os diretores de algumas instituições "que lideram o
movimento espírita" (com raras exceções) queiram tirar os recursos financeiros
dos bolsos dos espíritas, esquecendo-se dos mais carentes (se tirassem dinheiro
dos que podem pagar seria razoável).
Como se
não bastasse, ainda há as promoções de eventos excludentes (seminários,
congressos, simpósios, encontros “fraternos”), onerosos, caros, soberbos,
luxuosos, destinados, claro! Para a elite aquinhoada. Entronizam-se shows de
oratória retumbantes, com palestras repetidas e desnecessárias sob todos os
pontos de vista, e ainda assim permanecem sob o guante do “canto de sereia” para
arrecadar muito recurso financeiro dos outros como estivessem divulgando
Espiritismo. Não estão!...
Ouço insistentemente nos diversos centros que frequento sobre práticas consideradas dispensáveis para a boa difusão do Espiritismo. Visitei várias localidades onde alguns divulgadores famosos são tidos como "mascates ambulantes do Espiritismo", porque agenciam oferta e venda livros, CDs e DVDs após suas “falas espetacularizadas” pelos rincões brasileiros em nome do “assistencialismo”. Essa escola (modelo) que ganhou fôlego após a desencarnação do Chico Xavier é, para mim, a deteriorização da proposta espírita destinada a todos, ao alcance de todos. Já escrevemos (várias vezes) sobre isso.
Prestemos muita atenção na entrevista que o Chico Xavier concedeu ao Dr. Jarbas Leone Varanda e publicada no jornal uberabense O Triângulo Espírita, de 20 de março de 1977, veiculada no Livro “Encontro no Tempo”, organizado por Hércio M.C. Arantes e publicado pela Editora IDE em 1979. O amoroso Chico Xavier advertiu que "é preciso fugir da tendência à ‘elitização’ no seio do movimento espírita (...) o Espiritismo veio para o povo. É indispensável que o estudemos junto com as massas mais humildes, social e intelectualmente falando, e delas nos aproximemos (...). Se não nos precavermos, daqui a pouco estaremos em nossas Casas Espíritas, apenas, falando e explicando o Evangelho de Cristo às pessoas laureadas por títulos acadêmicos ou intelectuais (...)”.
Quando
escrevemos o artigo “INDUSTRIALIZAÇÃO DE EVENTOS ESPÍRITAS
"GRANDIOSOS"", o ex-reitor da Universidade Federal de Juiz de
Fora, e escritor espírita, José Passini, afirmou: “Seu artigo, Jorge Hessen,
deveria ser eternizado em placa de bronze e distribuído às instituições
espíritas. Você acertou em cheio no monstro que desgraçadamente cresce em nosso
meio.” Talvez a espiritualidade, consciente dos despropósitos sobre a
desprezível ELITIZAÇÃO DO ESPIRITISMO esteja de alguma forma nos alertando para
um tempo de profundas mudanças. Que e seja assim!
É muito triste testemunhar tudo isso sem utilizar a ferramenta da indignação,
no caso a voz (escrita) e recomendar mudanças, nunca em nível pessoal, mas no
campo das ideias. Sobre isso, faço a minha parte sem machucar minha
consciência, graças a Deus!
Vamos dar
um basta ao elitismo doutrinário. Ou o Espiritismo chega à massa dos invisíveis
de cá, dos deserdados, ou perderá o foco e não terá mais sentido falar do
Evangelho de Jesus através da Doutrina codificada por Allan Kardec.
Jorge
Hessen
http://jorgehessen.net
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