terça-feira, 29 de janeiro de 2013




Desencarnes coletivos e a tragédia em Santa Maria

A tragédia em Santa Maria, no Estado do Rio Grande do Sul, ocorrida neste final de semana comove o Brasil inteiro e convida as autoridades públicas a tomarem medidas práticas e racionais para evitar novas incidências e garantir assim o livre direito de as pessoas usufruírem de locais públicos com segurança.

Além da dor dos familiares e amigos das mais de 230 vítimas do incêndio na danceteria KISS, especula-se naturalmente quanto ao fatídico "destino" de cada um dos envolvidos. Por quê? Por que fulano e sicrano estavam lá e beltrano não? Que força os atraiu para lá àquela noite? Por que Deus permitiu acontecer isso?

É verdade que muitos farão essas perguntas mais por exclamação, de revolta ou desabafo, do que mesmo por interesse na resposta. 

Contudo, é provável que em meio a essas indagações, consciências se iluminem a ponto de irem buscar explicações espirituais para tal calamidade. E para isso, nenhuma filosofia pode ser mais esclarecedora e ao mesmo tempo consoladora do que a Doutrina Espírita. Neste caso, a começar por "O LIVRO DOS ESPÍRITOS" (ver especialmente o capítulo "Da Lei de Destruição"), de Allan Kardec, a literatura espírita não dá pistas do que pode ter sucedido com o caso de Santa Maria, conforme os planos espirituais.

A arte espírita também se manifesta positivamente sobre flagelos similares. Por exemplo, em face da tragédia do Edifício Joelma, incendiado em 1 de fevereiro de 1974, na capital paulista, o Espírito Cyro Costa, através do médium Francisco Cândido Xavier, poetizou dor e esperança em um soneto:


LUZ NAS ALMAS
Cyro Costa (Espírito)

Fogo!... Amplia-se a voz no assombro em que se espalha.
Gritos, alterações... O tumulto domina.
No templo do progresso, em garbos de oficina,
O coração se agita, a vida se estraçalha.

Tanto fogo a luzir é mística fornalha
E a presença da dor reflete a lei divina.
Onde a fé se mantém, a prece descortina
O passado remoto em longínqua batalha...

Varrem com fogo e pranto as sombras de outras eras
Combatentes da Cruz em provações austeras,
Conquanto heróis do mundo, honrando os tempos idos.

Na Terra o sofrimento, a angústia, a cinza, a escória...
Mas ouvem-se no Além os hinos de vitória
Das Milícias do Céu saudando os redimidos.

Outra entidade, Cornélio Pires, igualmente pela psicofonia de Chico Xavier, também pôs em versos a repercussão daquele horrendo acontecido (visto do plano terreno) e ao mesmo tempo abençoada e renovadora passagem.


INCÊNDIO EM SÃO PAULO
Cornélio Pires (Espírito)

Céu de São Paulo... O dia recomeça...
O povo bom na rua lida e passa...
Nisso, aparece um rolo de fumaça
E o fogo para cima se arremessa.

A morte inesperada age possessa,
E enquanto ruge, espanca ou despedaça,
A Terra unida ao Céu a que se enlaça
É salvação e amor, servindo à pressa...

A cidade magoada e enternecida
É socorro chorando a despedida,
Trazendo o coração triste e deserto...

Mas vejo, em prece, além do povo aflito,
Braços de amor que chegam do Infinito
E caminhos de luz no céu aberto...

Aliás, a tragédia de Santa Maria nos faz relembrar a tragédia do Edifício Joelma e, em razão disso, convidamos todos a darem uma olhada na nossa postagem"Chico e o enigma do Edifício Joelma".

Em todo caso, todavia, é preciso muito cuidado, até por respeito aos envolvidos, quando na especulação sobre esse ou aquele caso. Há eventos generalizados e há casos particulares. Segundo Chico Xavier, as vítimas do incêndio em São Paulo eram, em geral, entidades que estavam ali resgatando as atrocidades que cometeram nas campanhas das Cruzadas católicas, na Idade Média, quando então esses Espíritos estavam encarnaram como soldados e cruelmente abusaram da autoridade, incendiando e matando crianças e mulheres indefesas. Chico transmitiu o que ouviu do plano espiritual e, portanto, o fez com embasamento. Agora, porém, não nos cabe simplesmente cogitar possíveis expiações para a trágica morte desse ou daquele indivíduo, até porque as tragédias não se dão apenas por expiação, mas também por provas, em que Espíritos missionários voluntariamente se ofertam para tais eventos a fim de darem exemplo concreto do valor de tudo isso, apesar do horror que transmita à primeira vista. Do contrário, a rigor, teríamos que considerar que Jesus tinha o que expiar no Calvário.

Em suma, que a luz de Deus, retransmitida pelo Espiritismo possam chegar aos corações aflitos no entorno da tragédia em Santa Maria e acima de tudo, independentemente de rótulos religiosos, façamos nossas orações para um reconfortador despertar espiritual para todos os desencarnados nessa tragédia, confiantes no auxílio fraterno que as colônias espirituais prestam com especial atenção em eventos dessa natureza, em nome do Mestre Jesus.


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