O dia de finados na visão espírita
Dia dois de
novembro é marcado pelo dia de finados, um feriado relacionado a morte. A
Doutrina Espírita nos mostra que somos Espíritos eternos e imortais. Quando
encarnados, temos o corpo físico, o corpo espiritual (o perispírito) e o
Espírito.
Quando
desencarnados, nos desligamos de nosso corpo físico. A vontade, a inteligência,
as emoções, tudo está no Espírito.
Portanto, logo percebemos que a morte como
conhecemos não existe. Ninguém morre, no sentido de acabar. O espírito é eterno
e imortal. A morte então é uma passagem do plano físico para o plano
espiritual. Isso se dá para que desenvolvamos nossas qualidades morais. E embora tenhamos um grande desenvolvimento
intelectual, a morte ainda não é bem entendida para a maioria de nós, mesmo os
espiritualistas e até os espíritas, se tocarmos no sentido do apego. Embora o
entendimento esteja na mente, o coração responde diferente.
Não é à toa que uma
enorme quantidade de espíritos desencarnados expressarem suas dificuldades na
vida de além túmulo, com relação as saudades de seus entes queridos, e
vice-versa. E é este excesso de apego que cria situações extremamente
desconfortantes, onde entramos em grande desequilíbrio nos momentos de
separação mais brusca.
Mesmo quem entende
a morte, sofre a dor da separação. Porém, é preciso modificar a nossa ideia
acerca da vida, que não se resume a vida material, mas essencialmente a vida
espiritual. Nossos entes queridos são empréstimos de Deus para que
possamos nos desenvolver cada vez mais. Mas que amor é esse, que desenvolvemos
por eles, que em vez de pacificar nossa evolução, que em vez de fazer o bem,
acaba prejudicando com o peso da saudade?
O dia de finados
deve ser visto então como mais um dia em que devemos elevar nosso pensamento a
Deus, orando fervorosamente por aqueles que já partiram, para que esta prece,
feita sempre de coração, seja um alívio para aqueles que nós amamos e já
partiram para a pátria espiritual.
A prece está entre
os maiores bens que podemos fazer em benefício daqueles que já partiram, mas
não é estagnada a apenas uma data no ano. Se quem partiu está na condição de
sofrimento ou de perturbação, a prece será de grande benefício.
Se quem partiu está
consciente, lúcido de sua realidade espiritual, da mesma forma, a prece chegará
como um bálsamo ao coração de quem amou, pela lembrança e pelo carinho.
Vejamos
o que nos dizem os Espíritos, através de Kardec:
321. O dia da comemoração dos
mortos é, para os Espíritos, mais solene do que os outros dias? Apraz-lhes ir ao
encontro dos que vão orar nos cemitérios sobre seus túmulos? "Os
Espíritos acodem nesse dia ao chamado dos que da Terra lhes dirigem seus
pensamentos, como o fazem noutro dia qualquer."
a) - Mas o
de finados é, para eles, um dia especial de reunião junto de suas sepulturas?
"Nesse dia, em maior número se reúnem nas
necrópoles, porque então também é maior, em tais lugares, o das pessoas que os
chamam pelo pensamento."
323. A visita de uma pessoa a
um túmulo causa maior contentamento ao Espírito, cujos despojos corporais aí se
encontrem, do que a prece que por ele faça essa pessoa em sua casa? "Aquele
que visita um túmulo apenas manifesta, por essa forma, que pensa no Espírito
ausente. A visita é a representação exterior de um fato íntimo. Já dissemos que
a prece é que santifica o ato da rememoração. Nada importa o lugar, desde que é
feita com o coração." ("O Livro dos Espíritos")
COMO
PODEMOS AJUDAR OS QUE PARTIRAM ANTES DE NÓS?
Envolvendo
o ser querido em vibrações de carinho, evocando as lembranças felizes, nunca as
infelizes; enviando clichês mentais otimistas; fazendo o bem em memória dele,
porque nos vinculamos com os Espíritos através do pensamento. Além disso,
orando por ele, realizando caridade em sua homenagem, tudo isso lhe chegará
como sendo a nossa contribuição para a sua felicidade; a prece dá-lhe paz,
diminui-lhe a dor e anima-o para o reencontro futuro que nos aguarda.
PODEMOS
CHORAR?
Podemos
chorar, é claro. Mas saibamos chorar. Que seja um choro de saudade e não de
inconformação e revolta. O choro, a lamentação exagerada dos que ficaram causam
sofrimento para quem partiu, porque eles precisam da nossa prece, da nossa
ajuda para terem fé no futuro e confiança em Deus. Tal comportamento pode
atrapalhar o reencontro com os que foram antes de nós. Porque se eles nos
visitar ou se nós os visitarmos (através do sono) nosso desequilíbrio os
perturbará. Se soubermos sofrer, ao chegar a nossa vez, nos reuniremos a eles,
não há dúvida nenhuma.
ENTÃO
OS ESPÍRITAS NÃO VISITAM O CEMITÉRIO?
Nós
espíritas não visitamos os cemitérios, porque homenageamos os “vivos
desencarnados” todos os dias. Mas a posição da Doutrina Espírita, quanto as
homenagens (dos não espíritas), prestadas aos "MORTOS" neste
Dia de Finados, ao contrário do que geralmente se pensa, é favorável, DESDE
QUE SINCERAS E NÃO APENAS CONVENCIONAIS.
Os Espíritos, respondendo a
perguntas de Kardec a respeito (em O Livro dos Espíritos), mostraram que os
laços de amor existentes entre os que partiram e os que ficaram na Terra
justificam esses atos. E declaram que no Dia de Finados os cemitérios ficam
repletos de Espíritos que se alegram com a lembrança dos parentes e amigos. Há
espíritos que só são lembrados nesta data, por isso, gostam da homenagem; há
espíritos que gostariam de serem lembrados no recinto do lar. Porque, se ele
desencarnou recentemente e ainda não está perfeitamente adaptado às novas
realidades, irá sentir-se pouco à vontade na contemplação de seus despojos
carnais; Espíritos com maior entendimento, pedem que usemos o dinheiro das
flores em alimento aos pobres. Portanto, usemos o bom senso em nossas
homenagens. Com a certeza que ELES VIVEM. E se eles vivem, nós
também viveremos. E é nessa certeza que devemos aproveitar integralmente o
tempo que estivermos encarnados, nos esforçando para oferecer o melhor de nós
em favor da edificação humana. Só assim, teremos um feliz retorno à pátria
espiritual.
http://grupoallankardec.blogspot.com.br/2010/10/o-que-o-espiritismo-diz-sobre
finados.html